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Memória: Italianos em Mogi Mirim

A Coluna Memória desta semana comemora a chegada dos italianos, que completa 150 anos, quando a primeira embarcação chegou ao país, iniciando a grande imigração da Itália para o Brasil. Em Mogi Mirim, um livro lançado em 16 de setembro de 2016, de 285 páginas, escrito pela historiadora e presidenta do Cedoch, Carmen Lucia Bridi, mostra a contribuição dos imigrantes italianos e de seus descendentes para o desenvolvimento dos setores econômicos, sócio-cultural e geográfico de Mogi Mirim e outras cidades da Baixa Mogiana. O capítulo 6 – “Relação das Famílias Descendentes de Italianos” – relaciona as famílias que aqui se instalaram e que, após viverem momentos difíceis, permaneceram até os tempos atuais.

Concepção e nascimento do livro “Italianos em Mogi Mirim”

Desde o momento em que a ideia de escrevê-lo surgiu e até sua publicação, passaram-se 16 anos, marcados por inúmeras dificuldades que retardaram o alcance desse objetivo. Esse lançamento, para a autora do livro, tem o sabor de obstáculos superados e de missão cumprida.

A IDEIA INICIAL
No ano 2000, a Acibra (Associação Cultural Ítalo-Brasileira) encontrava-se em plena atividade em Mogi Mirim, tendo o bacharel Valter José Polettini como seu presidente e entre seus membros a professora Carmen Lucia Bridi.

Com a intenção de resgatar a história das famílias originárias de imigrantes italianos radicados em Mogi Mirim e publicá-la em um livro, o presidente, que na ocasião ocupava também o cargo de diretor-geral da Câmara Municipal, entre outras providências tomadas, iniciou a organização de um cadastro com informações sobre essas famílias. E desde essa ocasião, através da imprensa local e do trabalho dos membros da Acibra, as informações das famílias começaram a ser solicitadas.

Em março de 2000, a Acibra promoveu uma visita de seus integrantes ao Memorial do Imigrante, em São Paulo. No espaço cultural Banespa, em Mogi Mirim, organizou a exposição “I Piccolina”, mostra de fotos e documentos de famílias italianas tradicionais da cidade. Em abril de 2000, organizou uma viagem que levou parte de seus integrantes à Itália. Nessa ocasião, a Acibra promovia também a “Missa da Família Italiana”, na Igreja Santa Cruz.

A par de todo esse dinamismo, o presidente solicitou aos historiadores Sérgio Romanello Campos e Carmen Lucia Bridi que iniciassem as pesquisas necessárias para fazer a parte introdutória  desse livro.

Autora do livro, Carmen Lucia Bridi, ao lado de Clodoaldo Nazareno de Paiva, que escreveu o prefácio, e de Sebastião Zoli Júnior, presidente da Società Italiana (Foto: Arquivo Cedoch)

AS PRIMEIRAS PESQUISAS
A primeira fonte pesquisada por Sérgio e Carmen foi o jornal “A Gazeta de Mogy-Mirim”. Esse jornal, que foi fundado em junho de 1886 e circulou até setembro de 1893, tinha entre seus redatores o Dr. João Mendes de Almeida Júnior. No ano 2000, as edições preservadas do jornal, eram guardadas no Museu Histórico e Pedagógico Presidente João Teodoro Xavier e nesse local a pesquisa foi iniciada. Ainda em 2000, Carmen frequentou um curso sobre a imigração italiana no Brasil, ministrado durante aulas semanais no Memorial do Imigrante, em São Paulo.

AS DIFICULDADES
A Acibra foi dissolvida e o cadastramento das famílias italianas foi interrompido. Em 24 de outubro de 2002, o Professor Sérgio Romanello Campos faleceu subitamente. E a publicação do livro foi temporariamente adiada, mas não esquecida.

A TRAJETÓRIA DE CARMEN
A professora Carmen Lúcia Bridi graduou-se em História pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e em Pedagogia pelas Faculdades Integradas Maria Imaculada, de Mogi Mirim. Exerceu o cargo de professora de História nas escolas Aristides Gurjão, de Martim Francisco, Zenaide Franco de Faria, de Mogi Guaçu, Helena dos Santos Alves, Valério Strang e Pedro  Ferreira Alves, de Mogi Mirim.

Como diretora de escola, atuou nas escolas Adib Chaib, Humberto Brasi, Cleuza Marilene Vieira de Mello e Francisco Piccolomini, de Mogi Mirim e Francisco Antonio Gonçalves, de Mogi Guaçu. Na Diretoria de Ensino de Mogi Mirim atuou por duas vezes como coordenadora da área de História. Na Prefeitura Municipal de Mogi Mirim trabalhou como diretora administrativa do Departamento de Educação. Como conselheira subsede de Mogi Mirim da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), foi responsável pela criação do setor de aposentados.

O ENVOLVIMENTO COM A HISTÓRIA DA CIDADE
No período em que trabalhou como coordenadora na Diretoria de Ensino, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo introduziu a mudança nos parâmetros curriculares do ensino. E o  nsino de História voltou-se para o que estava mais próximo do aluno. Foi então que o interesse, sempre presente, de Carmen em pesquisar a história de Mogi Mirim tornou-se maior.

A primeira pesquisa que fez foi sobre a história da Escola Estadual Coronel Venâncio. Elaborou também as apostilas de História para as classes das então primeira à quarta séries do Colégio  Imaculada Conceição. Em todas elas a história de Mogi Mirim era focalizada, o que antes não era feito.

Em 1995, durante a administração do prefeito Jamil Baccar, foi criado o “Centro de Memória de Mogi Mirim”. Uma comissão formada por Carmen, Valter Polettini, Leiko Nichi e Maria Tereza Del Pretti, foi incumbida de fazer um levantamento de antigos documentos doados à Prefeitura pelo Fórum e pela Delegacia de Polícia locais. Tratava-se de processos antigos e de registros de imigrantes estrangeiros que residiam em Mogi Mirim e que tiveram caráter obrigatório na ocasião da Segunda Guerra Mundial. Esses documentos pertencem atualmente ao acervo do Cedoch.

Participou do Conselho Municipal de Cultura, durante os primeiros mandatos do prefeito Paulo Silva, tendo sido sua presidente. É membro atuante do Cedoch desde sua criação, em 2002, ocupando sua presidência atualmente. Esse centro de documentação histórica foi criado com a finalidade de preservar e divulgar a memória do município e de sua gente. Carmen organizou todo o acervo da entidade, que encontra-se guardado nas dependências da Biblioteca Pública Municipal.

Foi grande amiga e colaboradora do professor Sérgio Romanello Campos, tendo participado das pesquisas feitas, para as publicações: “1º Livro de Atas da Câmara Municipal de Mogi Mirim -1770 a 1775” e “Dr. João Teodoro Xavier”. Os dois livros foram editados pela Câmara Municipal.

Organizou a pesquisa e elaborou os textos para os livros: “1º Congresso Eucarístico de Mogi Mirim – de 22 a 29 de Julho de 1945”, “Mogi Mirim Viagem ao Passado” e “Mogi Mirim Retratos de Uma Época” de Tóride Sebastião Celegatti.

Para o jornal “A Comarca”, escreveu artigos transcritos dos antigos processos doados pelo Fórum de Mogi Mirim e relativos a crimes ocorridos no município.

Para o jornal O IMPACTO, escreveu diversos artigos relativos à história da cidade e que foram publicados na página do Cedoch.

Em dezembro de 2010, fez o lançamento de seu livro “Estudo da Urbanização de Mogi Mirim”.

Apresentação de grupo folclórico no lançamento do livro “Italianos em Mogi Mirim”, em setembro de 2016, na sede da Acimm (Foto: Arquivo/Cedoch)

A RETOMADA DO LIVRO SOBRE AS FAMÍLIAS ITALIANAS
Desde o surgimento da ideia inicial do livro, na extinta Acibra, Carmen jamais se esqueceu desse projeto. Especialmente nestes primeiros anos do século 21, foram inúmeros os transtornos que impediram sua concretização, a começar pelo falecimento do professor Sérgio. Mas, já em 2015, ela retomou-o, procurou novamente as famílias para que fornecessem as informações necessárias e incorporou ao texto do livro as informações que resultaram de novas pesquisas. A revitalização do projeto foi apoiada pela diretoria do Cedoch.

No livro, 44 famílias de Mogi Mirim, que são descendentes de imigrantes italianos, têm a sua constituição apresentada. As dificuldades encontradas durante os primeiros tempos de moradia no  Brasil e toda a colaboração que os imigrantes italianos trouxeram para o progresso de Mogi Mirim, são descritas no livro.

Em homenagem póstuma e fazendo jus ao trabalho por ele realizado, o historiador Sérgio Romanello Campos aparece como seu coautor.

Relação das famílias descendentes de imigrantes italianos em Mogi Mirim

  • ABBIATI
  • ALBANI (O)
  • ALBEJANTE
  • ALÓ
  • ANTONIOLLI
  • ARCURI
  • ARMELLINI
  • AVANCINI
  • BABARINI
  • BALAZINI
  • BALESTRO
  • BALZANELLO
  • BARON
  • BATAGLIA
  • BATAGLINI
  • BAZUCO
  • BELLA
  • BENATTI
  • BERTAZZOLLI
  • BERTOLAZO
  • BIANCHI
  • BIAZOTTO
  • BORSARINI
  • BIZIGATTO
  • BONATTI
  • BORDIGNON
  • BORIN
  • BORÓ
  • BORSARIN
  • BOTESSI
  • BRASI
  • BRIDI (A)
  • BRONZATTO
  • BRUNIALTI
  • BRUNO
  • BUCCI
  • BULGARELLI
  • BUSCARATO
  • BUSCARIOLI
  • CACCAVARO
  • CAETANO
  • CALEFFI
  • CAMPAGNOLI
  • CANI
  • CARUSO
  • CAVENACHI
  • CELEGATTI
  • CEREGATTI
  • CERRUTTI
  • CHISTOFOLETTI
  • CHOQUETA
  • CIRCIDIU
  • CITELLI
  • CITRANGULO
  • COPPO
  • COSCARELLI
  • COSER
  • DANIELLI
  • DAVOLI
  • DEGRAVA
  • DEL PASSO
  • DELLATORRE
  • DONATTI
  • DONEGÁ
  • DOTTA
  • DOVIGO
  • FAVILLA
  • FERRACIOLI
  • FILIPINI
  • FILOMENO
  • FILOMENO
  • FORMENTE
  • FRANCATTO
  • GALLANO
  • GAMBARDELLA
  • GARROS
  • GRACINI
  • GRAGNANELLO
  • GUARNIERI
  • GASPARINI
  • JANINI
  • JANNUZZI
  • LEONELLO
  • LONGATTO
  • LONGHI
  • LORENZETTI
  • LOVO
  • LUCON
  • MAGALDI
  • MAGGIOTTI
  • MAGRINI
  • MALVEZZI
  • MANARA
  • MANERA
  • MANJATERRA
  • MANTELATO
  • MANTOVANI
  • MARCHETTI
  • MARETTI
  • MARIOTONI
  • MASSOTTI
  • MATEOTTI
  • MAZON
  • MILANO
  • MIQUILUCHI
  • MODENA
  • MONTAGNANA
  • MORARI
  • MUGNON
  • MUSTO
  • NARESSI
  • NESPINI
  • NIERI
  • PARENTI
  • PASSARELI
  • PATELLI
  • PEDRONI
  • PERCEBON
  • PESSINI
  • PHILOMENO
  • PICCOLOMINI
  • PICHATELLI
  • PIERI
  • PILLA
  • PIOVESANA
  • PISSINATTI
  • PITON
  • PIVA
  • POLETTINI
  • PORTIOLI
  • PROSPERO
  • PULCINELLI
  • QUAGLIO
  • RAMPAZZO
  • RICCI
  • ROMANELLO
  • ROTTOLI
  • SALVALAIO
  • SALVATO
  • SANTI (OS)
  • SBEGUE
  • SCAPIN
  • SCHIAVON
  • SCHINCARIOL
  • SCOMPARIN
  • SCUDELER
  • SECOLIN
  • SEGATTI
  • SEMECHINI
  • SERNAGLIA
  • SETTIN
  • SIA
  • SIMOSO
  • SOCCHETA
  • STEVANATO
  • STORT
  • SUZZIGAN
  • TAGLIAFERRO
  • TARASCHI
  • TAROSSI
  • TININI
  • TODARELLI
  • TONON
  • TOREZAN
  • TRENTIN
  • TUCCI
  • URBINI
  • VANZO
  • VEDOVATTO
  • VELLO
  • VILLANI
  • VOMERO
  • ZAGO
  • ZANETTI
  • ZANI
  • ZANIBONI
  • ZANOVELLO
  • ZAVARIZE
  • ZENARO
  • ZENI
  • ZINETTI
  • ZORZETTO
  • ZULIANI
Apresentação de grupo folclórico no lançamento do livro “Italianos em Mogi Mirim”, em setembro de 2016, na sede da Acimm (Foto: Arquivo/Cedoch)

Origem dos sobrenomes

Extrato do texto “Imigração Italiana para o Estado de São Paulo: dados históricos e pesquisa genealógica” de Virginio Montesso Neto. Curso ministrado no Memorial do Imigrante em São Paulo – maio/junho de 2005.

“… Na Europa, a partir aproximadamente do século 11, ocorre um renascimento das cidades, com desenvolvimento do comércio, das feiras, do intercâmbio entre as diversas regiões, através das  estradas – a rigor, seria melhor dizer rotas comerciais, do que propriamente estradas. Esta crescente urbanização (que ocorre em toda a Europa) leva à necessidade de identificar melhor as pessoas, com o consequente desenvolvimento espontâneo do uso do sobrenome. É fácil compreender essa situação: na vida rural, em que cada agrupamento é restrito a poucas dezenas de pessoas,  é fácil identificar cada um.

Numa cidade com milhares, dezenas de milhares de pessoas, é preciso achar uma maneira de identificar cada um(a) do(a)s centenas de Pedro, José, Maria, Ângela, etc. O sobrenome surge então espontaneamente, com um fim prático, e de maneira muito similar, praticamente em toda a Europa continental e peninsular.

A classificação dos sobrenomes pela origem é bem interessante. Vejamos os inúmeros tipos de origem de sobrenome (alguns se aplicam também a prenomes), com exemplos somente italianos (lembrando que para todos os tipos é possível encontrar exemplos em todas as línguas européias). Lembre que cada um pode ter gerado muitíssimos derivados, desde o simples final em “i”, indicando o plural (ex. Bello, Belli), até os processos mais complexos. A lista abaixo não é exaustiva; seria possível subdividir alguns grupos, e incluir outros tipos de origem. Por outro lado, os nomes e sobrenomes são palavras em uso corrente, e como tal podem sofrer as mesmas alterações que afetam todas as palavras da língua. Existem inúmeras maneiras de modificar um prenome ou sobrenome; são processos espontâneos, operados pelos falantes da língua ao longo do tempo, aos quais os especialistas dão nomes complicados. Alguns desses processos consistem, por exemplo, em eliminar uma parte do prenome ou sobrenome (e seus compostos ou derivados), seja no seu inicio, meio ou fim; ou adicionar uma parte ao seu inicio, meio ou fim; inverter partes; repetir partes; adicionar partículas anteriores ao sobrenome, como “de”, “la”, usar aumentativos ou diminutivos, etc., além disso, os falantes de cada língua (ou dialeto, ou mesmo sotaque regional) privilegiam, “escolhem” e selecionam certos sons, eliminando outros. Muitas vezes esses processos interagem, resultando em um nome ou sobrenome muito diferente do nome ou sobrenome que lhe deu origem.

  • diminutivos, aumentativos, apelidos, etc. – Lorenzotto (Lourencinho), Bertone (de Roberto, Robertone), Castruccio, Micheletti, Vannucci
  • relação familiar – Frattini (de fratello, irmão), Gemelli (gêmeos), Vedova/dalla Vedova (filho da viuva), Figlio/Figliolo/Fiol (filho)
  • características físicas – Grasso (gordo), Rosso/Rossi (vermelho, ruivo), Bruno (castanho, marron), Bianco/Bianchi (branco), Biagio (manco, ou que gagueja), Piccolo (pequeno)
  • carateristicas sociais, de origem, de comportamento, religiosas, políticas, etc. – Amábile (amável), Cortese (cortês), Pagano (pagão), Cristiani, Sposito (criança exposta), Casadei (de casa de Deus ou asilo) Mancini, Mangini, Mancuso (canhoto), Guelfi e seus derivados Fucci e Fucini (dos guelfos, partidários do Papa nas lutas políticas do século 13), Ghibellini (dos partidários do imperador nas mesmas lutas políticas do século 13), Liberale (generoso), Pappalardo (come toucinho), Bevilacqua (beba água), Cavalcanti (que cavalga)
  • locais, feições naturais, etc. – Poggi (poggio = colina), Montenegro, Valle, Fontana (fonte), Costa (vivia junto ao mar), Rocca (penhasco ou fortaleza), del Bosco (bosque), Padula (pântano)
  • cidade, região, etc., de origem – Greco, Siciliano, Calabrese, dell’Abbruzzo, Moro, Turcato
  • animais de todo tipo (por semelhança física, tipo de comportamento, atividade de criação ou caça, etc.) – Gatto, Lupo (lobo), Agnello/Agnelli (cordeiro), Pavone (pavão)
  • flores, árvores, frutas, legumes, etc. – Garofalo (cravo), Quércia (carvalho), Fiore (flor)
  • profissão, atividade, instrumento de trabalho (a lista é enorme) Ferraro, Ferrari (=ferreiro), Sarto/Sartori (alfaiate), Prete (padre), Lanza, Lancieri, Lancelotti (fabricava ou usava lança).
  • objetos – Pagnotta (de pane = pão), Tavola (mesa), Scarpa (sapato), Piva (gaita de fole), Campana (sino)
  • partes do corpo (que eram particularmente notáveis, grandes, ou de alguma maneira peculiares) – Capo (cabeça), Malatesta (cabeça feia)
  • nomes elogiosos, receptivos, votivos, expressando alegria, bom augúrio e similares – Amato, Bello, Benvenuto, Bonamico, Bonfiglioli
  • datas e similares – Gennaro (janeiro), Agostini (agosto), Martini (martedì = terça-feira), Sabatini/Sabbatini (respectivamente do italiano sabato e do latim sabbato, ambos significando sábado)
  • sobrenomes italianos de origem remota em outras línguas (fora o latim), outros povos, outras culturas – na Sicília, que durante séculos esteve sob domínio árabe, Aiello (ayal, cervo), como houve aí também dois séculos de dominação espanhola, existem Sancez, Martines, Valenza. Mesmo na Sicília, cerca de 10% da população na Idade Média era judia, e ficaram os sobrenomes Mosa (de Moisés), além de sobrenomes de origem profissional de atividades tipicamente dos judeus como Orifice (ourives – quem lembra do filme “A vida é bela?”) e Ferro (de vendedor de utensílios de ferro, atividade exclusiva dos judeus). Na região do Valle d’Aosta e proximidades, onde se fala um dialeto muito “afrancesado”, existem não apenas variantes locais de sobrenomes existentes em outras regiões italianas, mas também sobrenomes específicos. O mesmo ocorre em outras regiões, como, por exemplo, no Molise, onde houve uma forte imigração de albaneses (arberesh) no  éculo 15; ao longo das fronteiras do Norte com a Suíça e Áustria (dialetos alemães); e na região da Ístria, extremo Nordeste da Itália, com influencias balcânicas.
  • números – Quinto, Décimo, Primo (primeiro), Cento, Sette, Ottaviani (de oitavo)
  • sobrenomes originados de prenomes – formam o maior grupo na Itália (em outras línguas a proporção pode ser diferente). O prenome de origem pode ser do pai – e nesse caso, o sobrenome é chamado de patronímico, no senso estrito da palavra; ela pode também ser usado no senso lato, quase como sinônimo de sobrenome. Mais genericamente, esse prenome de origem pode ser do avô, de um santo de devoção, de um parente de destaque, etc.. Por sua vez, se fizermos estatísticas de frequência desses prenomes, veremos que eles acabem se ligando, lá na origem a nomes de  santos. A enorme variedade de formas desses sobrenomes é proporcionada pela riqueza de sufixos na língua italiana. Sufixos são terminações que se adicionam a uma palavra (ou nome) para dar-lhe uma característica particular – por exemplo, “zinho” para formar Joãozinho, para se referir a um João de pequena estatura, ou a um João por quem temos um carinho especial. A lista de  sufixos em italiano é imensa; alguns são de uso generalizado, outros específicos ou pelo menos mais característicos de uma dada região, inclusive por influencia do sotaque ou dialeto local. Um estudioso considera que os prenomes que deram origem ao maior número de sobrenomes diferentes foram Francesco, Domenico, Giacomo, Giovanni e Pietro. Francesco remete a São Francisco, Domenico remete a São Domingos, Giacomo (e suas variações) ao santo apóstolo Tiago, Giovanni ao santo apóstolo João (e subsidiariamente a São João Batista, primo de Jesus), e Pietro ao santo apóstolo Pedro. Vamos ver alguns exemplos entre as centenas de derivados e compostos de Giovanni: Vanni, Nanni, Giovanetti, Vannetti, Netti, Giobannucci, Vannucci, Vanucchi, Gioanetti, Svanetti, Gianni, Cianni, Giannico, Nico, Gianuzzi, Nuzzi, Ianni, Ianelli, Ianne, Iannuccelli, Iannitti, Zani, Zanotteli, Zanuccoli. Além desses, existem as combinações: Giandonato, Giangrande, Giandomenico, Giangrasso, Giarrusso, Iafrate, Iavarone, Giamboni, Giammarco, Zampardo, Zambellini, Zandonà, etc.”
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